A Ordem do Carmo ou Ordem dos Carmelitas, originalmente chamada Ordem dos Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo, é uma ordem religiosa católica que surgiu no final do século XI, na região do Monte Carmelo (uma cadeia de colinas, próxima à actual cidade de Haifa, antiga Porfíria, no atual Estado de Israel) — onde hoje há, desde 1892, o Mosteiro de Nossa Senhora do Monte Carmelo.
Lema | "Zelo zelatus sum pro Domino Deo exercituum" |
Tipo | Ordem religiosa |
Fundação | Por volta de 1200, no Monte Carmelo |
Sede | Cúria Geral dos Carmelitas Via Giovanni Lanza 138, 00184 Roma, Itália |
Sítio oficial | http://www.ocarm.org/ |
A palavra "carmelo" significa jardim. Conta a tradição que o profeta Elias se estabeleceu numa gruta, em pleno Monte Carmelo, seguindo uma vida eremítica de oração e silêncio. Nele, e no seu modo de vida, se inspiraram os primeiros religiosos da Ordem. Mais tarde, uma Regra para a Ordem do Carmo foi sistematizada e proposta por Santo Alberto, Patriarca de Jerusalém, e aprovada pelo papa Honório III em 1226. No século XIII os religiosos acabaram por migrar para os países do Ocidente, fugindo das invasões sarracenas.
No século XVI, na Espanha, Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz conduziram um processo de renovação (ou reforma) do carisma da Ordem do Carmo. Deste processo histórico e místico surgiu um novo ramo: o ramo dos Carmelitas Descalços.
Um mosteiro carmelita é conhecido por carmelo.
A Ordem dos Carmelitas da Antiga Observância (ou simplesmente Carmelitas) é o ramo mais antigo e originário da Ordem do Carmo.
Os Eremitas da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo (ou Carmelitas Eremitas) são um ramo da Ordem do Carmo que se originou com monges eremitas que, desde o século XIII, se tornaram na sua maioria em frades mendicantes. Os Carmelitas Eremitas do ramo masculino da Ordem do Carmo não são, contudo, considerados como os frades carmelitas de vida activa e apostólica. Na actualidade, os Carmelitas Eremitas são comunidades separadas, tanto de homens como de mulheres, que vivem uma vida de clausura, inspirada na antiga vida monástica carmelita, sob a autoridade do Prior Geral da Ordem Carmelita (O. Carm.).
A Venerável Ordem Terceira do Carmo (ou, simplesmente, Terceiros Carmelitas) é um ramo da Ordem do Carmo composto pelo grupo de membros leigos dos Carmelitas da Antiga Observância, os quais encontram-se sempre unidos em comunhão fraterna com os frades contemplativos e com as freiras de clausura da sua ordem religiosa. Este ramo baseia-se, por norma, no carisma carmelita original, ainda que partilhe a riqueza espiritual do ramo reformado por Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz.
A instituição da Ordem Terceira do Carmo, depois também chamada de Venerável devido ao fato de se tratar da maior ordem religiosa mariana), remonta ao tempo de São Simão Stock que, além de ter sido um importante empreendedor na constituição da Ordem do Carmo, foi quem recebeu das mãos de Nossa Senhora o Seu famoso Escapulário, sob a promessa de divinas graças que seriam concedidas aos seus confrades que o usassem com devoção. É considerado, contudo, como fundador das Irmãs Carmelitas de clausura e da própria Ordem Terceira do Carmo, o Beato João Soreth. Na realidade, tal deve-se ao facto de que, em meados do século XV, apesar dessas comunidades religiosas já existirem, estas viviam sem Regra definida e foi ele quem deu-lhes a devida forma canónica. Foi o Beato João Soreth quem, na primeira pessoa, empreendeu todos os esforços necessários e obteve do papa a aprovação dos estatutos legais e o reconhecimento da Ordem das Irmãs Carmelitas de clausura e da Ordem Terceira do Carmo (sendo esta última composta maioritariamente por homens e mulheres leigos, mas que estão ligados espiritualmente, de modo bastante particular, aos restantes membros da Ordem do Carmo). Na implementação do ramo da Ordem Terceira do Carmo esteve também relacionado São Nuno de Santa Maria.
A Ordem dos Carmelitas Descalços (ou, simplesmente, Carmelitas Descalços) é um ramo da Ordem do Carmo, formado em 1593, que resulta de uma reforma feita ao carisma carmelita elaborada por Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz. Este ramo divide-se em três diferentes tipos de família carmelita: os padres ou frades, as freiras de clausura e os leigos.
No século XVI, Santa Teresa de Ávila iniciou um processo de reforma ao carisma carmelita. Fez um voto de que haveria de seguir sempre o caminho da perfeição, e resolveu mantê-lo o mais próximo possível daquilo que a Regra do Carmo permitia. Numa noite do mês de Setembro de 1560, Teresa de Ávila decidiu reunir um grupo de freiras na sua cela e, tomando a inspiração primitiva da Ordem do Carmo e a reforma descalça de São Pedro de Alcântara, propôs-lhes a fundação de um mosteiro de tipo eremítico. Em 1562 é, então, fundado um novo mosteiro (que foi especialmente dedicado a São José). Por seu lado, em Duruelo, São João da Cruz e António de Jesus fundaram também um novo e primeiro convento masculino destinado aos frades Carmelitas Descalços. Em 1593, o papa Clemente VIII concedeu total autonomia ao ramo dos Carmelitas Descalços (separando o seu carisma do carisma do ramo dos Carmelitas da Antiga Observância, desde então também chamados de Carmelitas Calçados para que melhor se pudesse estabelecer a diferença).
Deste ramo da Ordem fez parte Teresa de Lisieux, mais conhecida como Santa Teresinha do Menino Jesus e da Santa Face e tida como uma das santas mais populares da história da Igreja. O próprio Papa Pio X chamou-a de "a maior entre os santos modernos". Fez também parte a Irmã Lúcia, mais conhecida por ter sido quem testemunhou as internacionalmente famosas aparições da Virgem Maria em Fátima, Portugal.
A Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares (ou, simplesmente, Carmelitas Seculares) é um ramo da Ordem do Carmo destinado ao grupo de leigos dos Carmelitas Descalços, os quais encontram-se assim sempre unidos em comunhão fraterna com os frades contemplativos e com as freiras de clausura da sua ordem religiosa. Este ramo também se baseia na reforma feita ao carisma carmelita elaborada por Santa Teresa de Ávila e São João da Cruz.
A Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares nasceu da vontade de algumas comunidades de leigos poderem fazer parte do carisma característico à das comunidades de religiosos consagrados da Ordem dos Carmelitas Descalços. Daí que, pouco depois da reforma do Carmelo, também se pudessem contemplar leigos como família carmelita. Os leigos Carmelitas Descalços Seculares assumem-se como "uma associação de fiéis que se comprometem a procurar no mundo a perfeição evangélica, inspirando e nutrindo a sua vida cristã com a espiritualidade e a orientação do Carmelo Teresiano" (artº 1 da Norma de Vida). Por outras palavras, o Carmelo Secular é constituído por leigos que procuram viver fielmente a sua vocação de baptizados, pondo em prática o Evangelho com a ajuda da espiritualidade carmelita.
Os Carmelitas Descalços Seculares constituem-se em pequenas fraternidades e "pertencem inteiramente à família carmelitana e são filhos da mesma Ordem, na comunhão fraterna dos mesmos bens espirituais, na participação da mesma vocação à santidade e da mesma missão na Igreja com a diferença essencial do estado de vida" (artº 1 da Norma de Vida).
Carmelos (comunidades femininas)
| Conventos (comunidades masculinas)
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Carmelos (comunidades femininas)
| Conventos (comunidades masculinas)
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Tal como aconteceu com outras ordens religiosas católicas, a Ordem do Carmo também possui um vasto legado histórico de aparições ou revelações que inspiraram diversas devoções e práticas de piedade popular. Entre elas constam exemplos famosos como:
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