Guerra Dos Ducados Do Elba

A Guerra dos Ducados do Elba, também conhecida como Guerra dos Ducados, Segunda Guerra do Eslésvico (Schleswig), Guerra Dano-Prussiana ou Guerra Dinamarquesa, foi travada em 1864 entre a Dinamarca, de um lado, e, de outro, o Reino da Prússia e o Império Austríaco, estes agindo em nome da Liga Alemã.

Tal como a Primeira Guerra do Eslésvico, foi travada pelo controle dos ducados do Eslésvico e da Holsácia, cujo status foi finalmente definido por uma partilha após a Primeira Guerra Mundial, quando o Eslésvico Setentrional votou pela reunião com a Dinamarca.

Segunda Guerra do Eslésvico
Unificação Alemã
Guerra Dos Ducados Do Elba
Data 1 de fevereiro30 de outubro de 1864
Local Ducado do Eslésvico e Jutlândia
Desfecho Vitória austro-prussiana
Mudanças territoriais A Dinamarca cede o controle de Eslésvico, Holsácia e Lauenburg para a Prússia e Áustria
Beligerantes
Guerra Dos Ducados Do Elba Reino da Prússia
Guerra Dos Ducados Do Elba Império Austríaco
Guerra Dos Ducados Do Elba Dinamarca
Comandantes
Guerra Dos Ducados Do Elba Helmuth Karl Bernhard
Guerra Dos Ducados Do Elba Friedrich von Wrangel
Guerra Dos Ducados Do Elba Wilhelm von Tegetthoff
Dinamarca Christian Julius de Meza
Dinamarca Georg Gerlach
Forças
No auge:
61 000 soldados
158 canhões
Reforços:
20 000 soldados
64 canhões
38 000 soldados
+ 100 canhões
Baixas
+ 1 700 mortos, feridos ou capturados + 1 570 mortos
+ 700 feridos
+ 3 550 capturados

A Questão dos Ducados

O Eslésvico era um ducado soberano (i.e., formalmente independente), de maioria dinamarquesa, vinculado à coroa da Dinamarca por uma União Pessoal e por laços feudais. Já a Holsácia era um ducado soberano, de maioria alemã, que integrara o Sacro Império Romano-Germânico e, de 1815 a 1864, a Confederação Germânica, mas encontrava-se ligado à Dinamarca por uma União Pessoal desde o século XV. Em outras palavras, o rei da Dinamarca era o duque do Eslésvico e da Holsácia, territórios governados na prática pelos dinamarqueses. O chamado Tratado de Ribe (1460) dispunha que os dois ducados não poderiam ser separados.

A extinção da linhagem real masculina da Dinamarca, com a morte do rei Frederico VII, criou para os dinamarqueses o problema de como manter o seu controle sobre o Eslésvico-Holsácia, cobiçado por advogados da unificação Alemã (as regras sucessórias dos ducados - que adotavam a lei sálica - diferiam das dinamarquesas em caso de inexistência de herdeiro varão).

Em seguida à agitação causada pelas Revoluções de 1848 (e com a questão sucessória dos ducados em mente), Frederico promulgou uma constituição democrática comum à Dinamarca e ao Eslésvico, provocando um movimento separatista nos ducados, apoiado pela Prússia, que levou à eclosão da Primeira Guerra do Eslésvico (1848 - 1851).

As grandes potências europeias, interessadas em conter a Prússia, pressionaram-na a acatar em 1852 os termos da convenção de Londres de 1850, pela qual Reino Unido, França, Rússia e Noruega-Suécia reafirmavam a integridade da Dinamarca, que recebia de volta o Eslésvico-Holsácia e, pelo protocolo adicional de 1852 com a Áustria e a Prússia, comprometia-se a não criar com o Eslésvico laços mais estreitos do que os deste com o Holsácia.

Com a subida dos liberais ao poder em Copenhague, o rei Cristiano IX foi persuadido a assinar em 18 de novembro de 1863 uma nova constituição conjunta com o Eslésvico, o que contrariava o disposto no protocolo de 1852 e veio a ser o pretexto para que a Prússia e a Áustria interviessem militarmente contra a Dinamarca.

O conflito

Desta vez, as potências europeias estavam distraídas com outros problemas e não acorreram em apoio à Dinamarca, que se viu frente à poderosa máquina militar da Prússia.

Após a Batalha de Dybbøl, os dinamarqueses, incapazes de defender a fronteira dos ducados, recuaram para o território da Dinamarca. As tropas da aliança austro-prussiana continuaram a avançar e, com a capitulação dinamarquesa, Prússia e Áustria assumiram a administração do Eslésvico e do Holsácia, respectivamente. A paz foi celebrada com o Tratado de Viena, de 1864, pelo qual a Dinamarca cedia os dois ducados à Prússia e à Áustria. Estas duas potências, por sua vez, concluíram entre si a Convenção de Gastein, que dispunha sobre a administração dos ducados.

Consequências

Guerra Dos Ducados Do Elba 
A batalha de Dybbøl, por Jørgen Valentin Sonne, 1871.

As ambições territoriais prussianas deram fruto em 1866, quando desentendimentos acerca da administração dos ducados provocaram a Guerra Austro-Prussiana, pela qual o Reino da Prússia anexou definitivamente o Eslésvico-Holsácia. A Guerra dos Ducados pode, portanto, ser vista dentro do contexto da expansão prussiana e dos planos de Otto von Bismarck no sentido de unificar a Alemanha sob o controle da Prússia.

A Questão dos Ducados do Elba era considerada tão complexa - devido à mistura de residentes dinamarqueses e alemães, à confusa rede de obrigações feudais e aos interesses nacionais das diversas potências europeias envolvidas - que Lorde Palmerston, primeiro-ministro britânico à época, comentou que apenas três pessoas entendiam a questão do Eslésvico-Holsácia: "uma morrera, outra enlouquecera e a terceira era ele próprio, que esquecera". Ao que parece, porém, Bismarck era a quarta pessoa.

Referências

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