Igreja Ortodoxa Georgiana

A Igreja Ortodoxa Georgiana (oficialmente Igreja Ortodoxa Autocéfala Apostólica Georgiana; em georgiano: საქართველოს სამოციქულო მართლმადიდებელი ავტოკეფალური ეკლესია, transl.

Desde o século IV o cristianismo ortodoxo tem sido a religião estatal da Geórgia, e continua a ser a principal instituição religiosa do país, constituindo assim uma verdadeira Igreja nacional.

Igreja Ortodoxa Georgiana
(Patriarcado Georgiano)
Igreja Ortodoxa Georgiana
Brasão do Patriarcado georgiano
Fundador Santo André (Séc. I), Santa Nino (Séc. IV)
Independência da Igreja de Antioquia (c. 486)
da Igreja Ortodoxa Russa (1917)
Reconhecimento autonomia concedida pela Igreja de Antioquia (c. 486); autocefalia reconhecida pela Patriarcado de Moscou (1943) e pelo Patriarcado de Constantinopla (1990)
Primaz Elias II da Geórgia
Sede Primaz Catedral de Sameba, Tiblíssi, Igreja Ortodoxa Georgiana Geórgia
Território Igreja Ortodoxa Georgiana Geórgia
Posses Europa Ocidental
Igreja Ortodoxa Georgiana Estados Unidos
Igreja Ortodoxa Georgiana Rússia
Igreja Ortodoxa Georgiana Turquia
Igreja Ortodoxa Georgiana Azerbaijão
Igreja Ortodoxa Georgiana Austrália
Língua georgiano
Adeptos 3,5 milhões
Site www.patriarchate.ge
Igreja Ortodoxa Georgiana
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A Constituição da Geórgia reconhece o papel especial desempenhado pela Igreja Ortodoxa Georgiana na história do país, porém também estipula a separação entre Igreja e Estado. As relações entre ambas as instituições são regulamentadas por um acordo constitucional de 2002. Em uma pesquisa de 2013, concluiu-se que 95% da população tinha uma visão favorável da instituição, que é considerada a mais influente do país.

História

Cristianização da Geórgia

Segundo a tradição, o proselitismo cristão na região data da Era Apostólica, com Santo André pregando na Cólquida e no Reino da Ibéria. Outros discípulos cuja presença é reivindicada pela Igreja Ortodoxa Georgiana incluem Santos Simão, o Zelote, que estaria enterrado na Nova Athos, Matias, que teria pregado onde hoje é o sudoeste da Geórgia e estaria enterrado em Gonio, e Bartolomeu e Judas Tadeu, que teriam por lá passado vindo da Armênia, cuja tradição inclui a presença dos mesmos.

A efetiva conversão da Geórgia, no entanto, acontece com a pregação de Santa Nino Igual aos Apóstolos na Ibéria, que converte o rei Meribanes III e sua esposa Nana, hoje também honrados como santos e Iguais aos Apóstolos, subsequentemente fazendo do cristianismo a crença oficial de seu reino. O historiador Cyril Toumanoff data o batismo de São Meribanes a 334 e a oficialização como religião de Estado a 337. A conversão do reino foi auxiliada por São Constantino o Grande com a ajuda de clérigos do Império Romano. O reino vizinho da Lázica, por outro lado, hoje em sua maior parte na Geórgia, já tinha uma aproximação maior com o Império, tendo bispo cristão em Bichvinta desde o começo do século IV.

Idade Média

Em matérias de jurisdição, até o século V, a Igreja da Ibéria esteve estritamente subordinada à Igreja de Antioquia, com todos seus bispos sendo consagrados em Antioquia. Em 480, no entanto, o Patriarca Pedro Fullo, com apoio do Imperador Zenão, concede autonomia à Igreja, elevando o Bispo de Mtsqueta a Católico da Ibéria e permitindo que consagrasse seus próprios bispos, apesar de ainda mantê-lo sob seu omofório. Gradualmente, no entanto, o Católico ganhou autonomia, em meados do século VIII passando a não depender mais da aprovação do Patriarca de Antioquia.

A Ibéria teve um papel oscilante nas controvérsias que seguiram o Concílio de Calcedônia. Condizendo com o intenso intercâmbio que tinha com a Igreja da Armênia, a Igreja teve uma série de primazes não calcedônios, ainda que houvesse tolerada diversidade de opiniões na hierarquia. Em 482, buscando aliança com os bizantinos contra os persas, o Rei Vactangue I chegou a assinar o Henótico, reafirmando a aliança com os armênios no Primeiro Concílio de Dúbio, em 506. Apesar do fim do Henótico em 518, os cristãos da região largamente mantiveram o status quo até 607, quando, em resultado da tentativa por parte dos armênios miafisistas de prevalência doutrinária no Cáucaso, o Terceiro Concílio de Dúbio marcou a ruptura entre armênios e georgianos.

É sabido que a Igreja teve vasta diversidade cultural, diversidade esta que foi suprimida pela expansão islâmica, a ponto de o século VII ver uma Igreja vastamente cartevélica, com os hierarcas a partir deste período sendo praticamente todos georgianos étnicos. O território da atual Geórgia, ademais, não teria uma Igreja jurisdicionalmente una até o século IX, período em que os cristãos das partes mais ocidentais do território quebram com a Igreja de Constantinopla e reconhecem a autoridade do Católico de Mtscheta. A unificação da Geórgia pela dinastia Bagrationi consolidou esse destino.

Entre os séculos XI e XIII, conhecidos como a era de ouro da Geórgia, a Igreja floresceu, frequentemente se confundindo com o poder secular. Em 1010, o Católico assumiu o título de Patriarca, utilizando-o até hoje. Com as invasões de Gengis Cã e Tamerlão, no entanto, e subsequentemente a decadência do poder político cristão ortodoxo com a queda de Constantinopla, a avançada cultura eclesial no país foi interrompida, seguindo-se séculos de jugo islâmico com a Igreja dividida ente o Patriarca no oriente do país e o a partir de então independente Católico da Abecásia no ocidente.

Jugo russo e soviético

Ainda que progressivamente partes da Geórgia tenham se libertado do jugo islâmico, o Império Russo fatalmente anexaria a Cártlia-Caquécia em 1801 e a Imerícia em 1810. Em 18 de julho de 1811, apesar de intensa oposição por parte dos georgianos, o status autocéfalo da Igreja da Geórgia foi extinto, assim como o Patriarcado, substituído por um Exarcado sempre ocupado por clérigos de origem russa. A isto se seguiu um muito protestado movimento de eslavização da liturgia e supressão da cultura nacional georgiana, que só seria retomado, junto à autocefalia e reinstituição do Patriarcado, com a Revolução de Fevereiro em 1917.

Pouco duraria a paz da Igreja, no entanto, com intensa perseguição pelas autoridades soviéticas após a invasão soviética da Geórgia quatro anos depois. A autocefalia da Igreja da Geórgia só seria reconhecida pela Igreja Ortodoxa Russa durante a abertura religiosa de Stalin em 1943. Mais perseguições se seguiriam nos Governos subsequentes, especialmente sob Nikita Khrushchov. Progresso seria observado na década de 1970 sob o Governo de Eduard Shevardnadze, ele próprio um cristão ortodoxo, concedendo ao Patriarca Elias II, até hoje primaz, o direito de reabilitar antigas igrejas e mesmo reconstruir novas. Paralelamente, dissidentes como Zviad Gamsakhurdia enfatizavam o papel do cristianismo na luta contra o jugo soviético, desenvolvendo relações que floresceriam após a perestroika e o fim da União Soviética.

Em 1990, em gesto amplamente simbólico, o Patriarca Ecumênico Demétrio I de Constantinopla reconheceu a autocefalia da Igreja Ortodoxa Georgiana e os títulos de Patriarca e Católico de seu primaz. Hoje, a Igreja conseguiu amplamente se recuperar de sua antiga ligação ao Estado, vindo a ser uma das instituições mais poderosas e influentes do país. Em 2002, foi reportado que tinha cerca de 83% dos georgianos como fiéis, organizados em 600 paróquias servidas por 730 sacerdotes, o restante da população sendo vastamente composto por não georgianos e pela pequena comunidade georgiana muçulmana de Adjara.

Estrutura

Igreja Ortodoxa Georgiana 
Eparquias da Geórgia e arredores

O Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Georgiana é encabeçado pelo Católico-Patriarca, com adicionalmente 25 metropolitas, 5 arcebispos e 8 bispos. O território georgiano é dividido em 43 eparquias, adicionalmente a 7 eparquias no exterior.

Ver também

Referências

Bibliografia

  • Metropolitan Anania (Japaridze). "Christianity in Georgia".- in It is Georgia (coleção de artigos), Tiblíssi, 2003, pp. 115–126 (em georgiano)
  • Zakaria Machitadze. The Lives of the Georgian Saints, traduzido para o inglês em 2002, Saint Herman Press.

Ligações externas

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