Bié: Província de Angola

Bié é uma das 18 províncias de Angola, localizada na região central do país, que tem sua capital na cidade e município do Cuíto.

Bié
Localidade de Angola Angola
(Província)
Bié: História, Geografia, Economia

Localização do Bié em Angola
Dados gerais
Fundada em 1 de maio de 1922 (101 anos)
Gentílico bienense
bieno
Município(s) Andulo, Camacupa, Catabola, Chinguar, Chitembo, Cuemba, Cunhinga, Cuíto e Nharea
Características geográficas
Área 70.314 km²
População 1.654.744 hab. (2018)
Clima Cwa/Cwb
Temperatura °C a 10 °C entre maio e setembro e 18 °C até 25 °C nos demais meses

Dados adicionais
Prefixo telefónico +244
Sítio Portal da Província de Bié
Projecto Angola  • Portal de Angola

Segundo as projeções populacionais de 2018, elaboradas pelo Instituto Nacional de Estatística, conta com uma população de 1 654 744 habitantes e uma área territorial de 70 314 km².

Bié é formada pelos seguintes municípios: Andulo, Camacupa, Catabola, Chinguar, Chitembo, Cuemba, Cunhinga, Cuíto e Nharea.

Por seu formato geográfico peculiar, e sua localização central em relação às demais províncias angolanas, é conhecida como "o coração de Angola" e "a província coração".

História

A Província do Bié é um território habitado por grupos étnicos bantus (ovimbundos) com poucas diferenças entre si, onde destacam-se os bienas e os bailundos.

Formação do Reino do Bié

As férteis terras altas do Planalto Central de Angola, também conhecidas como nano, eram tradicionalmente cultivadas pelos povos bantos antes da chegada dos bienas e bailundos. A invasão do início do século XVII, pelos povos imbangalas, levou a uma fusão das duas populações e a subsequente criação dos reinos ovimbundos. Assim nascia um dos estados ovimbundos mais poderosos, o reino do Bié, com muitas ombalas (aldeia/cidade principal) e aldeias sob sua tutela. Sua formação política se deu entre o século XVII e XVIII.

Conquista e fixação portuguesa

A região foi explorada pela primeira vez por mercadores portugueses em meados do século XVII, iniciando o comércio de escravos, marfim, cera de abelha e borracha. Confrontos ocasionais entre portugueses e os povos que habitavam no território da província do Bié ocorreram nos séculos XVIII e XIX. Exércitos particulares pertencentes a comerciantes e chefes tribais lutavam entre si pelo controle das rotas comerciais. Após os portugueses derrotarem o reino do Bié e o reino Bailundo na guerra de 1774-1778, os povos do palnalto permaneceram em paz compartilhando o controle das rotas comerciais com o poder colonial.

A sede pelo controle da região levou a algumas campanhas militares, que transformaram-se em grandes exercícios bélicos que marcaram a mudança nos rumos do colonialismo lusitano, como foi o caso da Segunda Guerra Luso-Ovimbundo (1890-1904). Este foi um conflito armado, ocorrido em território bienense, entre os reinos dos povos ovimbundos, principalmente na figura dos reinos Bailundo, Huambo e Bié, contra o Império Português, motivado pela ambição colonial pelo controle das rotas comerciais e pelo súbito declínio do preço da borracha de raiz. Portugal venceu e subjugou os povos do planalto central, restando somente um último grande bastião de resistência no reino Cuanhama.

Fundação do distrito do Bié

Em 1902 é fundado o concelho do Bié, dependente do distrito de Benguela e a 2 de janeiro de 1922 é criada a câmara municipal do Cuíto; pelo decreto nº 134 de 1 de maio de 1922, do então alto-comissário Norton de Matos, surge o distrito do Bié tendo sido seu primeiro governador, Manuel Espregueira Góis Pinto.

Período das guerras

O Bié foi muito atingido pela Guerra de Independência de Angola, porém os conflitos somente atingiriam a região em cheio no final da década de 1960, nos confrontos entre Portugal, MPLA e UNITA. Durante a "Frente Leste", o MPLA, através da III Região Militar, mantinha uma grande frequência de ataques do então distrito. Em 1973 a UNITA conseguiu expulsar as últimas unidades do MPLA ainda operantes em Bié.

Durante Guerra Civil Angolana a região permaneceu como um dos grandes bastiões da UNITA, sendo a última área sob domínio de Jonas Savimbi, quando este foi morto em 2002.

Geografia

Bié: História, Geografia, Economia 
Prédio reformado na capital Cuíto contrasta com edifícios ainda degradados pela Guerra Civil, em 2008.

A província tem um tamanho comparável ao de países como Portugal ou a República Checa. Encontra-se no centro de Angola e faz fronteira com as seguintes províncias: ao norte com o Cuanza Sul, Malanje e Lunda Sul; ao leste com Moxico; ao sul com Cuando-Cubango, e; ao oeste com Huíla e Huambo.

Clima

Segundo a classificação climática de Köppen-Geiger, no território da província predomina o clima oceânico (Cwb), numa faixa de transição para o clima subtropical úmido (Cwa). As temperaturas variam de 19 °C a 21 °C e existem 2 estações: de outubro até abril, que é quente e chuvoso; entre maio e setembro é seco com temperaturas médias de 2 °C e 10 °C nos meses de maior frio e 18 °C até 25 °C em períodos de clima mais quente.

Ecologia, flora e fauna

Domina quase a totalidade da paisagem da província a ecorregião das "florestas de miombo angolanas", com flora de savana de folha larga decídua úmida e floresta com domínio de miombo, além de pastagens abertas. Numa pequena faixa do extremo noroeste da província predomina "mosaico de pastagens e florestas montanhosas angolanas", nos arredores do Subaltiplano do Congolo, com floresta afromontana, gramíneas e arbustos.

Patrimônio natural

O Bié têm parte do seu território coberto pela Reserva Natural Integral de Luando, localizada ao norte provincial. Esta reserva está, em sua maior parte, dentro da província de Malanje.

Demografia

Esta província é uma área de confluência de uma série de etnias.. Entre os ovimbundos, os mais numerosos e que habitam o centro-sul, o oeste e o norte, os dois principais subgrupos são os bienos, cujo nome se relaciona com o nome da província, e os bailundos. Há presença de chócues que, na sua migração a partir do nordeste de Angola, estabeleceram-se nas faixas leste e central-norte da província. Finalmente, existem povos heterogéneos enquadrados na categoria etnográfica ganguela, como os luimbi, habitando principalmente o sudeste provincial.

Hidrografia

A nordeste província bienense os rios correm para o sistema de drenagem da bacia do rio Cassai (juntamente com o rio Cuango), enquanto que ao sul, ancorado nos rios Cutato dos Ganguelas e Cuelei, corre para a bacia do Cubango, e ao noroeste, ancorado nos rios Dulo e Cupache, corre para a bacia do rio Cuvo-Queve. Porém, o maior flúmen que atravessa a província é o rio Cuanza, e boa parte da bacia de drenagem territorial, ancorada nos rios Luando, Cuiva, Chimbandianga, Cunhinga do Bié, Cossonhi, Cutupo, Cuquema e Cunje, flui para a bacia do Cuanza.

Relevo

O principal acidente geográfico da província é o Planalto Central de Angola (ou Planalto do Bié), que domina toda a zona central. Além desta formação, a fisiologia bienense possui a Serra da Sanga, a Serra de Bimbe, a Serra do Cutato, o Subaltiplano do Congolo, o Subaltiplano do Mombolo, os altiplanos do Congolo, do Mombolo e as Aplanações do Alto Cuanza.

Economia

Província vocacionada para o desenvolvimento das atividades agropecuárias e agroalimentares, possui nestas actividades seu principal motor económico.

Agropecuária e extrativismo vegetal

A economia é essencialmente voltada para a agropecuária, com um relevante contingente pecuário de animais para corte e leite.

As principais produções de lavoura e plantações são: arroz, hortaliças, frutícolas, feijão, milho, mandioca, soja, amendoim, gergelim, girassol e café arábica. A criação de gado bovino é especialmente notável, pois é a maior angolana. Além da pecuária, há criação de galináceos para carne, postura e penas, e atividades extrativistas de pesca artesanal.

Além destas actividades, há na província plantações florestais de espécies exóticas, tais como eucaliptos e pinus para uso exportação comercial de madeira.

Indústria e mineração

A província bienense tem seu parque industrial focado na produção moveleira e de materiais de construção, além de agroindústria alimentar e de bebidas.

Comércio e serviços

O setor de comércio e serviços do Bié sustenta-se, em grande parte, pela atividade logística, com destaque ao Caminho de Ferro de Benguela e à suas várias rodovias. Os grandes centros de comércio de retalhos e venda por grosso são Cuíto, Andulo, Camacupa e Chinguar.

Referências

Tags:

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