Na cosmologia bíblica, o firmamento é o vasto domo sólido criado por Deus no segundo dia de sua criação do mundo para dividir as águas primordiais em porções superiores e inferiores para que a terra seca pudesse aparecer.
O conceito foi adotado nos modelos clássicos e medievais subsequentes de esferas celestiais, mas foi abandonado com os avanços da astronomia durante os séculos XVI e XVII. Atualmente, permanece como um sinônimo de "céu" ou "paraíso".
Em inglês, a palavra "firmamento" é registrada já em 1250, na Middle English Story of Genesis and Exodus.
Mais tarde, apareceu na Bíblia King James. A mesma palavra é encontrada nas traduções da Bíblia em francês e alemão, todas do latim firmamentum (um objeto firme), usado na Vulgata (século IV). Este por sua vez é um calque do grego στερέωμᾰ (steréōma), também significando uma estrutura sólida ou firme (grego στερεός = rígido), que aparece na Septuaginta, a tradução grega feita por estudiosos judeus por volta de 200 aC.
Todas essas palavras traduzem a palavra Hebraico Bíblico rāqīaʿ ('רָקִ֫יעַ), usado por exemplo em Gênesis 1.6, onde é contrastado com shamayim (שָׁמַיִם), traduzido como "céu" em Gênesis 1.8. Rāqīaʿ deriva da raiz rq (רָקַע), que significa "bater ou espalhar-se finamente". Gerhard von Rad explica:
Rāqīaʿ significa aquilo que é firmemente martelado, estampado (uma palavra da mesma raiz em fenício significa "prato de lata"!). O significado do verbo rq refere-se ao martelar da abóbada do céu em firmeza (Isa. 42.5; Sl.136.6). A Vulgata traduz rāqīa como firmamentum, e essa continua sendo a melhor tradução.— Gerhard von Rad
Os antigos hebreus, como todos os povos antigos do Oriente Próximo, acreditavam que o céu era uma cúpula sólida com o Sol, a Lua, planetas e estrelas embutidos nele. Por volta dos séculos IV a III a.C, os gregos, sob a influência de Aristóteles, que argumentavam que os céus deveriam ser perfeitos e que uma esfera era a figura geométrica perfeita, trocaram isso por uma Terra esférica cercada por esferas sólidas. Este se tornou o modelo dominante na visão de mundo clássica e medieval, e mesmo quando Copérnico colocou o Sol no centro do sistema, ele incluiu uma esfera externa que continha as estrelas (e fazendo a Terra girar diariamente em seu eixo, permitiu que o firmamento ficasse completamente estacionário). Os estudos de Tycho Brahe sobre a nova de 1572 e o Grande Cometa de 1577 foram os primeiros grandes desafios à ideia de que os orbes existiam como objetos materiais sólidos, incorruptíveis, e em 1584, Giordano Bruno propôs uma cosmologia sem firmamento: um universo infinito no qual as estrelas são realmente sóis com seus próprios sistemas planetários. Depois que Galileu começou a usar um telescópio para examinar o céu, tornou-se mais difícil argumentar que os céus eram perfeitos, como exigia a filosofia aristotélica, e em 1630 o conceito de orbes sólidos não era mais dominante.
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