Nilo Peçanha: Político brasileiro, 7° presidente do Brasil

Nilo Procópio Peçanha GCSE (Campos dos Goytacazes, 2 de outubro de 1867 – Rio de Janeiro, 31 de março de 1924) foi um político brasileiro.

Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República Nota: Se procura outros significados de Nilo Peçanha, veja Nilo Peçanha (desambiguação).

Assumiu a Presidência da República após o falecimento de Afonso Pena, em 14 de junho de 1909 e governou até 15 de novembro de 1910. Nilo Peçanha é patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil.

Nilo Peçanha
Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República
Nilo Peçanha
7.º Presidente do Brasil
Período 14 de junho de 1909
a 15 de novembro de 1910
Vice-presidente Nenhum
Antecessor(a) Afonso Pena
Sucessor(a) Hermes da Fonseca
5.º Vice-presidente do Brasil
Período 15 de novembro de 1906
a 14 de junho de 1909
Antecessor(a) Afonso Pena
Sucessor(a) Venceslau Brás
Senador pelo Rio de Janeiro
Período 3 de maio de 1921
a 31 de março de 1924
Período 3 de maio de 1913
a 31 de dezembro de 1914
Período 3 de maio de 1903
a 31 de dezembro de 1903
13.º Presidente do Rio de Janeiro
Período 31 de dezembro de 1914
a 7 de maio de 1917
Antecessor(a) Oliveira Botelho
Sucessor(a) Francisco Guimarães
9.º Presidente do Rio de Janeiro
Período 31 de dezembro de 1903
a 1 de novembro de 1906
Antecessor(a) Quintino Bocaiuva
Sucessor(a) Oliveira Botelho
Deputado Federal pelo Rio de Janeiro
Período 15 de novembro de 1890
a 31 de dezembro de 1902
Dados pessoais
Nome completo Nilo Procópio Peçanha
Nascimento 2 de outubro de 1867
Campos dos Goytacazes,
Rio de Janeiro, Império do Brasil
Morte 31 de março de 1924 (56 anos)
Rio de Janeiro, Distrito Federal
Alma mater Faculdade de Direito do Recife
Cônjuge Ana de Sousa (1895–1924)
Filhos(as) Nilo, Zulma e Mário
Partido Republicano Fluminense
Profissão Advogado
Assinatura Assinatura de Nilo Peçanha

Apesar de haver controvérsias em relação a sua identidade racial, em que muitos buscam descrevê-lo como negro, Nilo Peçanha é considerado como o primeiro presidente pardo da história do Brasil.

Origem e carreira política

Primeiros anos

Nilo Peçanha nasceu em 2 de outubro de 1867 em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, filho de Sebastião de Sousa Peçanha, padeiro, e de Joaquina Anália de Sá Freire, descendente de uma família de agricultores. Teve quatro irmãos e duas irmãs. A família vivia pobremente em um sítio no atual distrito de Morro do Coco, Campos dos Goytacazes, até que se mudou para o centro da cidade quando Nilo Peçanha chegou à idade escolar. Seu pai era conhecido na cidade como "Sebastião da Padaria".

Fez os estudos preliminares em sua cidade, no Colégio Pedro II. Estudou na Faculdade de Direito de São Paulo e depois na Faculdade do Recife, onde se formou.

Casou-se com Ana de Castro Belisário Soares de Sousa, conhecida como "Anita", descendente de famílias aristocráticas e ricas de Campos dos Goytacazes, neta do Visconde de Santa Rita e bisneta do Barão de Muriaé e do primeiro Barão de Santa Rita. O casamento foi um escândalo social, pois a noiva teve que fugir de casa para se casar com um pobre e mulato, embora político promissor.

Foi descrito como sendo mulato e frequentemente ridicularizado na imprensa em charges e anedotas que se referiam à cor da sua pele. Durante sua juventude, a elite social de Campos dos Goytacazes chamava-o de "o mestiço de Morro do Coco".

Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República 
Constituição brasileira de 1891, página da assinatura de Nilo Peçanha (décima oitava assinatura). Acervo Arquivo Nacional.

Carreira na política

Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República 
Nilo Peçanha.

Participou das campanhas abolicionista e republicana. Iniciou a carreira política ao ser eleito para a Assembleia Constituinte em 1890. Em 1903 foi eleito sucessivamente senador e presidente do estado do Rio de Janeiro, permanecendo no cargo até 1906 quando foi eleito vice-presidente de Afonso Pena. Como presidente do estado do Rio de Janeiro, assinou, em 26 de fevereiro de 1906, o Convênio de Taubaté.

Quatro dias após o Convênio de Taubaté, em 1 de março de 1906, foi eleito vice-presidente da república, com 272.529 votos contra apenas 618 votos dados a Alfredo Varela.

Seus seguidores eram chamados de nilistas.

Foi maçom e Grão-mestre do Grande Oriente do Brasil de 23 de julho de 1917 a 24 de setembro de 1919, quando renunciou ao cargo.

Em 1921, quando concorreu à presidência da República como candidato de oposição, a imprensa publicou cartas atribuídas falsamente ao candidato governista, Artur Bernardes, que causaram uma crise política, pois insultavam o ex-presidente Marechal Hermes da Fonseca, representante dos militares, e também Nilo Peçanha, que era xingado de mulato. Gilberto Freyre, escrevendo sobre futebol, usou-o como paradigma do mulato que vence usando a malícia e escondendo o jogo mencionando que "o nosso estilo de jogar (…) exprime o mesmo mulatismo de que Nilo Peçanha foi até hoje a melhor afirmação na arte política".

Controvérsia racial

Alguns pesquisadores afirmam que suas fotografias presidenciais eram retocadas para branquear sua pele escura. Alberto da Costa e Silva afirma que Nilo Peçanha foi um dos quatro presidentes brasileiros que esconderam os seus ancestrais africanos, sendo os outros Campos Sales, Rodrigues Alves e Washington Luís. Já o presidente Fernando Henrique Cardoso, apesar de se considerar da etnia branca, confirmou ter entre seus ancestrais uma escrava.

Abdias Nascimento afirma que, apesar de sua tez escura, Nilo Peçanha escondeu suas origens africanas e que seus descendentes e família sempre negaram que ele fosse mulato.

A biografia oficial escrita por um parente, Celso Peçanha, nada menciona sobre suas origens raciais, mas uma outra biografia posterior o faz. Portanto, alguns pesquisadores expressam dúvidas sobre se Nilo Peçanha era ou não uma pessoa parda. Em qualquer caso, suas origens foram muito humildes: ele mesmo contava ter sido criado com "pão dormido e paçoca".

Presidente da República

Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República Ver artigo principal: Governo Nilo Peçanha
Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República 
Presidente Peçanha.

Com a morte de Afonso Pena em 1909, assumiu o cargo de presidente. É importante lembrar que Nilo Peçanha foi o primeiro Presidente pardo do Brasil. Seu governo foi marcado pela agitação política em razão de suas divergências com Pinheiro Machado, líder do Partido Republicano Conservador.

Durante seu governo, Nilo Peçanha criou o Ministério da Agricultura, Comércio e Indústria, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI, antecessor da Funai). Durante seu breve período na presidência da República, Nilo Peçanha tomou a iniciativa de criar as Escolas de Aprendizes e Artífices, precursoras dos atuais Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefets); por esta razão o ex-presidente é o patrono da educação profissional e tecnológica no Brasil, através da Lei 12.417/2011, que oficializou a homenagem em 2011.

Apoiou o candidato Hermes da Fonseca a sua sucessão em 1910, contra Rui Barbosa e o presidente de São Paulo Albuquerque Lins, candidatos de oposição que fizeram a campanha civilista. Hermes venceu as eleições e elegeu-se presidente da república em 1º de março de 1910, para governar até 1914. Os conflitos entre as oligarquias estaduais intensificaram-se, sobretudo em Minas Gerais e São Paulo. Minas Gerais apoiou Hermes e São Paulo apoiou Rui Barbosa, lançando seu presidente estadual Albuquerque Lins à vice presidência na Campanha Civilista.

Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República 
Placa de Inauguração da I Reforma Republicana da Quinta - 1910. Foto de Raphael Garcez.

Vida após a presidência

Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República 
Selo dos Correios com a imagem de Nilo Peçanha.
Nilo Peçanha: Origem e carreira política, Controvérsia racial, Presidente da República 
Carta de renúncia de Nilo Procópio Peçanha ao cargo de Vice-presidente de República que seria apresentada ao Congresso Nacional, em 1907.

Ao fim do seu mandato presidencial, retornou ao Senado em 1912 e, dois anos depois, novamente elegeu-se presidente do Estado do Rio de Janeiro. Renunciou a este cargo em 1917 para assumir o Ministério das Relações Exteriores. Em 1918 novamente elegeu-se senador federal.

A 14 de junho de 1920 Portugal o agraciou com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.

Em 1921 candidatou-se à presidência da República pelo Movimento Reação Republicana, que tinha como objetivo contrapor o liberalismo político à política das oligarquias estaduais. Embora as situações pernambucana, baiana, gaúcha e fluminense, e boa parte dos militares, o apoiassem, Artur Bernardes o derrotou nas eleições de 1o de março de 1922. O presidente da república na época, Epitácio Pessoa, não participou das negociações (démarches, no galicismo corrente à época), sobre sua sucessão presidencial.

Artur Bernardes teve 466 877 votos contra 317 714 votos dados a Nilo Peçanha. Nilo teve apoio apenas dos estados do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Bahia.

Faleceu em 1924, no Rio de Janeiro, afastado da vida política, e foi sepultado no Cemitério de São João Batista.

Homenagens

O nome do município fluminense Nilópolis, fundado em 1947, na região metropolitana do Rio de Janeiro o homenageia. No estado da Bahia desde 1930 há o município de Nilo Peçanha em homenagem ao ex-presidente.

Existem 31 instituições de ensino básico no país batizada em homenagem ao ex-presidente.

Ministros

1 Agricultura, Indústria e Comércio Antônio Cândido Rodrigues
Francisco Sá
Rodolfo Nogueira da Rocha Miranda
2 Fazenda José Leopoldo de Bulhões Jardim
3 Guerra Luís Mendes de Morais
Carlos Eugênio de Andrade Guimarães
José Bernardino Bormann
4 Justiça e Negócios Interiores Augusto Tavares de Lira
Esmeraldino Olímpio Torres Bandeira
5 Marinha Alexandrino Faria de Alencar
6 Relações Exteriores José Maria da Silva Paranhos Júnior
7 Viação e Obras Públicas Miguel Calmon du Pin e Almeida
Francisco Sá

Ver também

Referências

Bibliografia

  • KOIFMAN, Fábio; Organizador - Presidentes do Brasil; Editora Rio; 2001.
  • MOURA DOS SANTOS, Denis. Pardos: A Visão das Pessoas Pardas pelo Estado Brasileiro; Curitiba: Appris, 2021.
  • PEÇANHA, Celso; Nilo Peçanha e a Revolução Brasileira; Editora Civilização Brasileira; 1969.
  • PEÇANHA, Nilo, Economia e Finanças: Campanha Presidencial (1921-1922), Editora Imprensa Nacional, 1922.
  • SILVA, Hélio; Nilo Peçanha – 7º Presidente do Brasil; Editora Três; 1983.
  • SANTIAGO; Sindulfo, Nilo Peçanha, uma Época Política; Editora Sete; 1962.
  • TINOCO, Brígido; A Vida de Nilo Peçanha; Editora Jose Olympio; 1962.

Ligações externas

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Precedido por
Quintino Bocaiúva
Presidente do Rio de Janeiro
19031906
Sucedido por
Alfredo Augusto Guimarães Backer
Precedido por
Afonso Pena
5º Vice-presidente do Brasil
19061909
Sucedido por
Venceslau Brás
Precedido por
Afonso Pena
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7º Presidente do Brasil

19091910
Sucedido por
Hermes da Fonseca
Precedido por
Francisco Chaves de Oliveira Botelho
Presidente do Rio de Janeiro
19141917
Sucedido por
Francisco Xavier da Silva Guimarães
Precedido por
Lauro Müller
Ministro das Relações Exteriores do Brasil
19171918
Sucedido por
Domício da Gama


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