Museu Histórico Nacional: Museu histórico nacional brasileiro, localizado no Rio de Janeiro

O Museu Histórico Nacional (MHN) é um museu dedicado à história do Brasil, localizado na praça Marechal Âncora, no centro histórico da cidade do Rio de Janeiro, no Brasil.

Museu Histórico Nacional: História, Características, Acervo Nota: Não confundir com Museu Nacional (Rio de Janeiro).
Museu Histórico Nacional: História, Características, Acervo Nota: Não confundir com Arquivo Nacional (Brasil).

Foi criado em 1922 pelo presidente Epitácio Pessoa, como parte das comemorações do Centenário da Independência do Brasil e o seu primeiro diretor foi o advogado e jornalista Gustavo Barroso.

Museu Histórico Nacional
Museu Histórico Nacional: História, Características, Acervo
Museu Histórico Nacional
Tipo museu nacional, arquivo, museu, biblioteca
Inauguração 12 de outubro de 1922
Acervo http://mhn.acervos.museus.gov.br/
Administração
Diretor(a) Fernanda Santana Rabello de Castro (substituta)
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 22° 54' 21.27" S 43° 10' 10.28" O
Localidade Praça Marechal Âncora S/N - Centro
Localização Rio de Janeiro, RJ - Brasil
Patrimônio bem tombado pelo IPHAN, Património de Influência Portuguesa (base de dados)
Museu Histórico Nacional: História, Características, Acervo
Desembarque de Cabral. Óleo de Oscar Pereira da Silva.
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"Retrato de D. Pedro II" (Delfim da Câmara).
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"Passagem do Chaco" (Pedro Américo).
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"A fragata Constituição" (Eduardo De Martino).

O museu é uma das unidades museológicas do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) - autarquia federal ligada ao Ministério da Cultura - e possui um acervo constituído por mais de 300 mil itens arquivísticos, bibliográficos e museológicos. São manuscritos, iconografia, mobiliário, armaria, esculturas, indumentária, entre outros itens.

História

O conjunto arquitetônico

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Morro do Castelo, com a Fortaleza e a Igreja de São Sebastião no topo, no canto direito o Forte de São Tiago, atual Museu, junto com a Igreja do Bonsucesso, e no canto esquerdo o Passeio Público, visto do terraço da Igreja da Glória, por Richard Bate em 1809.

O local onde se encontra o museu era primitivamente uma ponta de terra que avançava sobre as águas da baía de Guanabara, entre as praias de Piaçaba e de Santa Luzia. Nessa ponta, os portugueses ergueram, em 1603, o Forte de São Tiago da Misericórdia, ao qual se acrescentou a Prisão do Calabouço (1693) - destinada a escravizados faltosos -, a Casa do Trem (1762) - depósito do "trem de artilharia" (armas e munições) -, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (1764) e o Quartel (1835).

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Arco no patio dos canhões, do antigo Forte São Tiago, no Museu Histórico Nacional.

Na Casa do Trem teria sido esquartejado o corpo de Tiradentes, após sua execução no Campo de Lampadosa (atual Praça Tiradentes), no final do século XVIII.

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Panorama da Exposição Internacional de 1922, embaixo o Pavilhão das Indústrias, atual Museu, do lado direito o Pavilhão de Festas.

Por sua localização estratégica para a defesa da cidade, então capital, a ponta e as instalações nela mantidas foram área militar até 1908, quando o Arsenal de Guerra foi transferido para a ponta do Caju.

Na década de 1920, a Ponta do Calabouço foi aterrada e reurbanizada para acolher a Exposição Internacional Comemorativa do Centenário da Independência. Para integrar o evento, as edificações do antigo Arsenal de Guerra foram ampliadas e embelezadas, com decoração característica da arquitetura neocolonial.

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Exposição Internacional de 1922, ao fundo a demolição do Morro do Castelo, o Pavilhão das Indústrias, atual Museu, a direita.

Do primitivo forte de São Tiago e da prisão do Calabouço restam apenas as fundações. Subsistem até aos nossos dias o edifício da Casa do Trem (totalmente recuperado na década de 1990), o do Arsenal de Guerra (onde se destaca o imponente pátio da Minerva), e o pavilhão da exposição de 1922, atualmente ocupado pela Biblioteca.

O museu

Criado em agosto de 1922, visando dotar o país de um museu voltado para a história do Brasil, as novas instalações foram abertas ao público em 12 de outubro, compreendendo o pavilhão das Grandes Indústrias, um dos mais visitados da referida exposição, e duas galerias do Museu Histórico Nacional. Em 1940, essas galerias abertas ao público já somavam vinte e duas.

Atualmente, o museu ocupa todo o conjunto arquitetônico da antiga Ponta do Calabouço, constituindo-se em um dos mais importantes museus históricos do país e um centro gerador de conhecimento nas áreas da museologia e do patrimônio cultural.

Abrigou o primeiro curso de Museologia do país, criado em 1932, e que funcionou nas dependências do museu até 1977, tornando-se uma referência para a constituição de outros importantes museus brasileiros. Outra importante instituição que começou no Museu Histórico Nacional foi a Inspetoria dos Monumentos Nacionais, criada em 1934, que transformou-se mais tarde no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

Em 2009, o conjunto arquitetônico e as coleções do MHN foram tombados pelo Iphan.

Características

O museu se caracteriza como um museu de história, com ênfase na história do Brasil, abrangendo desde o período pré-cabralino até sua história contemporânea. Seus espaços expositivos abertos à visitação pública fazem parte de um conjunto arquitetônico que distribui-se por uma área útil total de 14 540 m², a qual se somam os 3 212 m² de seus pátios internos (pátio Epitácio Pessoa, também conhecido como pátio dos Canhões, pátio da Minerva, pátio de Santiago e pátio Gustavo Barroso).

No pavimento térreo, encontram-se o pátio dos Canhões, que apresenta uma coleção de canhões do período colonial e a exposição de longa duração "Do móvel ao automóvel", com um grande número de carruagens do século XIX. Nesse pavimento encontra-se ainda a Reserva Técnica do museu, localizada no pátio Gustavo Barroso. Há também no térreo algumas galerias utilizadas para exposições temporárias.

O segundo pavimento apresenta o circuito de longa duração do museu, com as seguintes galerias: "Oreretama" (dedicada aos primeiros povos que viveram no Brasil e aos índios que até hoje povoam o país); "Portugueses no Mundo" (mostrando as trajetórias dos navegantes portugueses no período das grandes navegações e o processo de colonização no Brasil); "A Construção do Estado" (abrangendo a Independência e o período imperial); e "A Construção da Cidadania" (que aborda desde a Proclamação da República até a história contemporânea). Neste segundo pavimento localiza-se também a biblioteca do museu no pátio de Santiago.

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Pintura de Pedro II presente no Senado Imperial, foi perfurada por uma espada durante a Proclamação da República em 1889. Acervo do Museu Histórico Nacional.

No terceiro pavimento encontram-se o Arquivo Institucional, o Laboratório de Conservação e Restauração, o acervo de numismática (Casa do Trem) e as áreas técnicas e administrativas do museu.

Acervo

Museu Histórico Nacional: História, Características, Acervo 
Busto de Gustavo Barroso, primeiro Diretor do Museu Histórico Nacional.

A formação do acervo do Museu Histórico Nacional teve início a partir da transferência itens de outras instituições que já existiam à época de sua fundação. Vários itens e peças vieram do museu do Arquivo Nacional e do gabinete de numismática da Biblioteca Nacional. Também colaboraram para formação inicial do acervo a Casa da Moeda, o Museu Nacional de Belas Artes, o Ministério do Exército e o Ministério da Marinha.

Museu Histórico Nacional: História, Características, Acervo 
Revista militar no Largo do Paço, pintura de Leandro Joaquim, por volta de 1790. Coleção do Museu Histórico Nacional.

Ajudaram a compor ainda o acervo do museu, em seu período inicial, a doação de colecionadores particulares, como a do senador baiano Miguel Calmon du Pin e Almeida, a da família Guinle e a da museóloga Sophia Jobim. Outra importante coleção, adquirida nos primeiros anos do museu, é a de esculturas religiosas em marfim do empresário e colecionador Souza Lima, arrematadas pelo presidente Getúlio Vargas em um leilão promovido pela Caixa Econômica Federal, em 1940.

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Carruagem de gala trazida ao Brasil por Dom João VI, que foi utilizada pelos imperadores Dom Pedro I e Pedro II.

Atualmente, o acervo do museu se divide em arquivístico, bibliográfico, museológico e aquele de suas próprias publicações. O acervo arquivístico está dividido em dois: o Arquivo Histórico e o Arquivo Institucional. O primeiro, é formado por coleções, em sua maioria de caráter originalmente particular, e que abriga cerca de 62 mil documentos iconográficos e manuscritos.

Destacam-se as coleções do fotógrafo Juan Gutierrez, que documentou a Revolta da Armada no Rio de Janeiro, as de Augusto Malta e Marc Ferrez, a de Carlos Gomes (composta de partituras, epistolário, libretos e fotografias) e a Coleção Família Imperial, com gravuras, documentos e outros objetos referentes a D. Pedro I, D. Pedro II e familiares. Já o Arquivo Institucional é fonte de pesquisa sobre a história do próprio museu e da história política e administrativa da cultura no país.

O acervo bibliográfico, com cerca de 65 mil itens, encontra-se preservado na Biblioteca do Museu Histórico Nacional e disponibiliza obras do século XVI ao XXI. Ele é composto por livros, folhetos, periódicos e outros tipos de publicação, que abrangem temas como Arte Decorativa, Numismática, Filatelia, Indumentária, História do Brasil, História do Rio de Janeiro, História de Portugal, Heráldica, Genealogia, Sigilografia, Gastronomia e Museologia.

O acervo museológico do Museu Histórico Nacional conta com cerca de 172 mil itens e é formado por coleções de objetos que datam desde a Antiguidade até os dias atuais. Faz parte deste acervo a área de Numismática,  responsável pelas coleções de moedas, cédulas, selos, carimbos, sinetes, medalhas e ordens honoríficas de Brasil e Portugal, totalizando mais de 150 mil itens. A qualidade do acervo faz da coleção de numismática a mais expressiva da América do Sul.

Nela há várias peças raras, como a moeda Peça da Coroação, com tiragem de apenas 64 exemplares, cunhada a mando do Imperador D. Pedro I para comemorar sua coroação, em 1822, a medalha de homenagem a Louis Pasteur, bulas dos Papas Clemente VI (século XIV) e Júlio II (séculos XV e XVI) e a Insígnia Imperial Ordem da Rosa, criada para perpetuar a memória do segundo casamento de Dom Pedro I com Dona Amélia de Leuchtenberg.

O acervo museológico inclui ainda a Reserva Técnica do museu, com mais de 22 mil itens, datados dos séculos XVI ao XXI, e que abrangem diversos tipos de materiais, tais como a madeira, o metal, o marfim, o vidro, o mármore, o ouro, a porcelana e o gesso, além de quadros, joalheria, cestaria, esculturas, brinquedos, armaria e têxteis.

Por fim, o museu também preserva um acervo de suas publicações, pois desde a sua criação, o Museu Histórico Nacional dedica-se à produção e à divulgação de conhecimento nas áreas de História, do Patrimônio e da Museologia. Desde de 1940, o museu publica seus Anais, um periódico de caráter científico, e, a partir de 1999, passou a publicar em livro as apresentações do Seminário Internacional que começou a promover na década de 1990.

Visitação

O acervo aberto à visitação se divide em várias exposições, de longa duração e temporárias. Entre as exposições de longa duração estão:

  • No pátio dos Canhões está a coleção de canhões do museu e reúne exemplares de Portugal, Inglaterra, França, Holanda e do Brasil. Foi a primeira exposição do país a ter legendas em braile;
  • "Do Móvel ao automóvel: transitando pela História" mostra 29 peças como cadeirinhas de arruar, carruagens e berlindas. Uma das raridades dessa exposição é o carro Protos, pertencente ao barão do Rio Branco, enquanto Ministério das Relações Exteriores, e um dos dois únicos existentes no mundo;
  • O pátio Gustavo Barroso apresenta esculturas de diversos autores brasileiros - com destaque para os conjuntos escultóricos de Eduardo de Sá;
  • O pátio da Minerva apresenta uma coleção de escudos com a representação heráldica de portugueses ilustres do período colonial;
  • "Îandé: aqui estávamos, aqui estamos" é dedicada à presença dos povos originários no país, desde o passado mais remoto até os dias atuais;
  • "Portugueses no Mundo" mostra o processo de colonização e seus desdobramentos econômico-culturais, compondo-se de peças ligadas à navegação, às culturas de cana-de-açúcar e café, à mineração, à chegada da corte portuguesa no Brasil;
  • "A Construção do Estado" procura retratar a Independência do Brasil, o período imperial e à imigração do século XIX, entre outros assuntos relacionados à essa época;
  • "Cidadania" apresenta um panorama da história recente do país, desde a proclamação da República até a história contemporânea.

O MHN possui um núcleo de Educação que atende grupos escolares agendados e visitantes espontâneos com atividades mediadas especiais. As exposições são acessíveis e todas as áreas de visitação do museu permitem a livre circulação de cadeirantes. O museu também possui uma loja de souvenirs no pátio da Minerva.

Museu Histórico Nacional: História, Características, Acervo 
Galeria de Carruagens

Diretores do Museu Histórico Nacional

Ao longo de sua história o museu teve os seguintes diretores:

  • Gustavo Barroso (1922-1930)
  • Rodolfo Garcia (1930-1932)
  • Gustavo Barroso (1932-1959)
  • Josué Montello (1959-1967)
  • Léo Fonseca (1967-1970)
  • Octávia Côrrea dos Santos de Oliveira (1970-1971)
  • Gerardo Britto Câmara (1971-1984)
  • Rui Mourão (1984-1985)
  • Solange de Sampaio Godoy (1985-1989)
  • Heloísa Magalhães Duncan (1989-1990)
  • Ecyla Castanheira Brandão (1990-1994)
  • Vera Lúcia Bottrel Tostes (1994-2014)
  • Ruth Beatriz Silva Caldeira de Andrade (2014-2015)
  • Paulo Knauss (2015-2020)
  • Vânia Drumond Bonelli - substituta (2020-2021)
  • Aline Montenegro Magalhães - substituta (fevereiro-julho 2022)
  • Fernanda Santana Rabello de Castro - substituta (julho-dezembro 2022)
  • Pedro Colares Heringer - substituto (janeiro 2023- atual)

Ver também

Referências

Bibliografia

  • BANCO SAFRA. O Museu Histórico Nacional. São Paulo, Banco Safra, 1989.
  • MUSEU HISTÓRICO NACIONAL. Museu Histórico Nacional. São Paulo, Olhares, 2013.
  • MUSEU HISTÓRICO NACIONAL. Museu Histórico Nacional: 90 anos de histórias, 1922-2012. Rio de Janeiro, Museu Histórico Nacional, 2013.

Ligações externas

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